O RETORNO À PRATA
Os diversos processos de registo, da imagem ao som, vão-se tornando sucessivamente obsoletos face aos desenvolvimentos tecnológicos que os remetem para a gaveta do olvido.
Nesse contexto, o esquecimento constitui-se numa fonte de inovação de infinitas potencialidades de recuperações, onde as técnicas – porventura obsoletas – sofrem novos processos regeneradores, transportando o ontem para a plena actualidade do hoje, reconfigurando o sentido original das intenções.
Este é, a meu ver, a essência do trabalho que presidiu ao nascimento desta importante exposição do fotógrafo e arquitecto Manuel Magalhães.
A função do autor nesta exposição, funde-se, como fotógrafo, com a do artesão e com a do interventor - criativo. Como fotógrafo regista, não apenas pelo olhar, a leitura antecipada do acto interventivo que irá praticar posteriormente, conferindo desde logo à imagem, um suporte original: o papel de prata, sensibilizado pela exposição à luz de um tradicional filme cheio de sais de nitrato de prata. Redundâncias plenas de belíssimas memórias da recuperação do tempo inscrito nas superfícies das suas foto - pinturas, renascido em colorações de vontade.
Nesse contexto, o esquecimento constitui-se numa fonte de inovação de infinitas potencialidades de recuperações, onde as técnicas – porventura obsoletas – sofrem novos processos regeneradores, transportando o ontem para a plena actualidade do hoje, reconfigurando o sentido original das intenções.
Este é, a meu ver, a essência do trabalho que presidiu ao nascimento desta importante exposição do fotógrafo e arquitecto Manuel Magalhães.
A função do autor nesta exposição, funde-se, como fotógrafo, com a do artesão e com a do interventor - criativo. Como fotógrafo regista, não apenas pelo olhar, a leitura antecipada do acto interventivo que irá praticar posteriormente, conferindo desde logo à imagem, um suporte original: o papel de prata, sensibilizado pela exposição à luz de um tradicional filme cheio de sais de nitrato de prata. Redundâncias plenas de belíssimas memórias da recuperação do tempo inscrito nas superfícies das suas foto - pinturas, renascido em colorações de vontade.
É este retorno à tradição da prata, simbólica e quimicamente presente, que emerge a peça única, a obra de arte feita da inteligência recuperadora do autor perante simulações de planos parcialmente coloridos à mão, exercício que une à fotografia a pintura e, nessa prática, a redenção dos processos tradicionais de sensibilização do aludido nitrato de prata.
Como sempre sucede, o resgate de um tempo é sempre a sua redentora metáfora, realizada na plena actualidade da linguagem.
Ao fotógrafo como ao pintor ou ao criativo em geral, compete inventar, criar o hoje, quantas vezes pela redenção da memória engavetada.
É assim que, como todos os retornos – mesmo metafóricos – cumprindo o eterno mito, Manuel Magalhães vem propor novas linguagens à linguagem outra que não a da imagem digitalizada.
Antes anuncia o solitário diálogo entre a invenção e a intervenção, a tudo presidindo a heráldica cintilante do discreto brilho do discurso inolvidável dos seus suaves dias de prata.
António Conceição Júnior
In catálogo da exposição RETORNO À PRATA, Galeria Nan Van / Fundação para a Cooperação e Desenvolvimento de Macau,. Macau, Agosto de 1999.
António Conceição Júnior
In catálogo da exposição RETORNO À PRATA, Galeria Nan Van / Fundação para a Cooperação e Desenvolvimento de Macau,. Macau, Agosto de 1999.
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