…/…As fotografias de Manuel Magalhães, que parecem encontrar a sua linhagem nos fotógrafos modernistas americanos como Weston ou Ansel Adams, recusam, no entanto, o seu imperativo blakeano de purificação dos sentidos (Susan Sontag), o seu formalismo estetizante ou a noção do estatuto mítico da arte como intérprete do inexprimível. Enquanto em Ansel Adams a natureza se transforma numa catedral e a maioria das suas imagens perdem qualquer noção da escala do homem, as fotografias de Manuel Magalhães assumem decididamente a dimensão humana. E a prová-lo está o modo como utiliza a luz, que nunca é directa, forte ou marcante, mas antes captada de um modo subtil e reservado, pontuando vastas zonas de sombra..../...As fotografias de Manuel Magalhães, evitando as nostalgias edénicas as exaltações animistas, são antes a visão depurada de um mundo que o silêncio caracteriza, lugares agora momentâneos, efémeros, pois a “civilização” vem sempre já aí.
José Afonso Furtado
José Afonso Furtado
In catálogo da exposição Fotografias 1973-1994, Galeria Diferença, Lisboa, Março/Abril de 1995.
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